A gestão de custos assistenciais em operadoras de planos de saúde é um dos principais desafios enfrentados pelas empresas do setor, visto que envolve o equilíbrio entre a prestação de serviços de qualidade e a sustentabilidade financeira da operação.
Este artigo aborda os principais conceitos e estratégias para uma gestão eficaz dos custos assistenciais, discorrendo sobre a classificação dos custos, métodos de custeio, operações básicas das operadoras, além de ferramentas de gestão e a importância dos protocolos assistenciais.
A implementação de práticas de gestão adequadas é fundamental para garantir a eficiência no uso de recursos e a satisfação dos beneficiários.
As operadoras de planos de saúde enfrentam o desafio de equilibrar a crescente demanda por serviços de saúde com a pressão sobre os custos assistenciais. A busca por eficiência é um imperativo para garantir a sustentabilidade financeira dessas operadoras, especialmente em um cenário de aumento de sinistralidade e envelhecimento populacional. A gestão de custos assistenciais surge como uma ferramenta estratégica para otimizar o uso de recursos, sem comprometer a qualidade do atendimento aos beneficiários. Este artigo aborda os principais aspectos dessa gestão, visando a garantir a saúde financeira das operadoras e a entrega de serviços de excelência.
Introdução à Gestão de Custos em Operadoras de Planos de Saúde
A gestão de custos em operadoras de saúde envolve o entendimento profundo da estrutura de custos, que abrange tanto os custos assistenciais quanto os administrativos. Os custos assistenciais estão diretamente ligados à prestação de serviços de saúde, como consultas, exames e internações, enquanto os custos administrativos estão relacionados ao funcionamento interno da operadora. O impacto desses custos na sustentabilidade da operadora é significativo, uma vez que a má gestão pode resultar em prejuízos financeiros ou em aumento das mensalidades, o que afeta a competitividade.
Classificação e Identificação de Custos
Para uma gestão eficaz, é crucial distinguir entre custos assistenciais e administrativos. A alocação de custos deve ser feita de maneira precisa, permitindo que a operadora tenha uma visão clara de onde estão concentradas as despesas. Além disso, a correta identificação dos custos contribui para a formulação de estratégias de controle e redução de despesas, sem comprometer a qualidade assistencial.
Métodos de Custeio em Operadoras
Diversos métodos de custeio podem ser aplicados por operadoras de planos de saúde, cada um com características e aplicabilidades específicas:
- Custo por capitação: Ocorre quando o prestador de serviços de saúde recebe um valor fixo por beneficiário, independentemente do volume de serviços utilizados.
- Fee-for-service: Nesse modelo, os prestadores são pagos por cada serviço prestado, o que pode gerar incentivo ao aumento do volume de serviços, elevando os custos.
- Custeio por Procedimentos Gerenciados (Pacotes): Trata-se de uma abordagem que define pacotes para determinados procedimentos, com um valor fixo para a realização de todos os serviços associados.
- DRG (Diagnosis-Related Groups): É um sistema de classificação hospitalar que agrupa pacientes com diagnósticos semelhantes, permitindo a comparação de custos entre grupos.
- Custeio por Diária: Nesse modelo, os custos são baseados na quantidade de dias que o paciente permanece internado, sendo calculado um valor por diária.
Operações Básicas em uma Operadora de Planos de Saúde
A gestão de riscos em saúde é um pilar fundamental para operadoras, englobando o desenvolvimento de produtos, a precificação, e a aceitação e seleção de riscos. A precificação é um processo delicado, que deve considerar os custos projetados e a sustentabilidade da operadora. A análise de sinistros e a regulação de contas são ferramentas importantes para garantir que os serviços sejam prestados de acordo com o pactuado, sem gerar custos indevidos. Além disso, a operadora precisa manter garantias financeiras para assegurar o cumprimento de suas obrigações junto aos beneficiários e prestadores.
Ferramentas de Gestão de Custos
O monitoramento contínuo dos custos e o uso de ferramentas de gestão são essenciais para otimizar a alocação de recursos. Uma das ferramentas mais eficazes é o Painel de Indicadores, que permite à operadora acompanhar a evolução dos custos, identificar áreas críticas e tomar decisões informadas. A relação entre custo, volume e lucro é outra ferramenta importante, que permite avaliar como o volume de serviços prestados impacta diretamente na lucratividade e sustentabilidade da operadora.
Gestão de Redes e Protocolos Assistenciais
A gestão de redes de prestadores e a implementação de protocolos assistenciais são fundamentais para a contenção de custos. A definição de diretrizes clínicas e protocolos específicos pode ajudar a padronizar os tratamentos, evitar a realização de procedimentos desnecessários e, consequentemente, controlar os custos. A gestão de redes envolve também a negociação com prestadores para assegurar que os serviços oferecidos aos beneficiários estejam de acordo com as diretrizes financeiras e clínicas estabelecidas pela operadora.
Discussão
A gestão eficaz dos custos assistenciais é essencial para o sucesso das operadoras de planos de saúde. A implementação de métodos de custeio adequados, aliados ao uso de ferramentas de gestão, permite não apenas o controle financeiro, mas também a melhora na qualidade dos serviços oferecidos aos beneficiários. No entanto, o sucesso dessa gestão depende de um equilíbrio entre a eficiência dos custos e a garantia de que os beneficiários continuem a receber cuidados de saúde adequados. Além disso, o envolvimento de todos os níveis da organização, desde a alta direção até as equipes operacionais, é crucial para o sucesso dessas estratégias.
Considerações Finais
A gestão de custos assistenciais é uma disciplina cada vez mais relevante no setor de saúde suplementar, especialmente diante do aumento das despesas com saúde e da necessidade de manter a sustentabilidade das operadoras. Métodos de custeio eficazes, juntamente com uma gestão integrada de redes e a aplicação de protocolos assistenciais, são ferramentas essenciais para enfrentar os desafios impostos ao setor. Com a implementação dessas estratégias, as operadoras podem alcançar um equilíbrio entre a eficiência financeira e a qualidade dos serviços prestados, garantindo assim a satisfação dos beneficiários e a sustentabilidade de longo prazo.
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Bibliografia
- ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar. Relatório de Gestão. Rio de Janeiro: ANS, 2023.
- Porter, M. E., & Kaplan, R. S. (2016). How to solve the cost crisis in health care. Harvard Business Review.
- Dias, C. M., & Martins, H. M. (2022). Gestão estratégica de custos em operadoras de planos de saúde. Editora Atlas.
- Cooper, R., & Kaplan, R. S. (1999). The Design of Cost Management Systems: Text, Cases, and Readings. Prentice Hall.
- ANS. (2020). Manual de Contabilidade para Operadoras de Planos de Saúde. Rio de Janeiro: ANS.